segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Natal

Sim, estamos em novembro, e já posso ver na sacada de alguns apartamentos luzes piscando. Verde, amarelo, azul, vermelho, laranja, rosa, verde, amarelo. A velocidade muda, as seqüências também, mas elas continuam alegres de um modo desconcertante. Não que eu não goste de natais, ao menos quando era criança eu adorava. Para falar verdade, adorava os presentes, embrulhos grandes, outros pequenos, outros ainda com o preço, outros sem embrulho, laços amarelos, mal feitos e desengonçados. Mas eu gostava ainda assim. Só que, estamos em novembro, e todos tem essa mania irritante de se reunir em família com antecedência. E começam a montar suas arvores, a pendurar luzes brilhantes, e todas as intrigas, e discussões de família desaparecem. Penso eu, que é tudo por causa dos presentes. E as crianças? Escrevendo cartinhas coloridas para um velho gordo, barbudo e que não tem o que fazer. Que só faz algo por elas uma vez ao ano. Por isso, que hoje. Natal. Eu não vou à igreja distribuir roupas usadas para os mendigos, não vou sair até a porta para ver o coral cantar, não vou abrir as janelas para ver a neve, nem vou colocar as luzes irritantes que todos adoram, muito menos montar uma arvore ridícula no meio da minha sala, não vou pendurar as meias, nem colocar minha cartinha em baixo de um sapato velho. Hoje não tem ceia, nem televisão ligada para ver a missa. Vou passar esse dia, como todos os outros. A mesa de jantar posta para um, os cigarros e o cinzeiro no lugar do peru e das frutas. Não é que eu seja solitário, só não gosto de toda essa idéia de amor uma vez ao ano.

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