segunda-feira, 26 de maio de 2008

Amor barato

E eu preciso que você diga logo que me perdoa, e que não faça esses joguinhos baratos. Sem charme, quero que você diga a verdade nua e crua, mas que seja rápido, você só precisa aceitar as rosas que eu roubei do seu jardim, porque não tive tempo de comprar, e preciso que me deixe logo entrar na sua casa, porque a chuva está me deixando encharcado e eu ainda tenho uma reunião hoje. Vamos, me beije logo e me deixe dizer que de noite a gente se vê. Porque meu amor, romances hoje em dia são assim, requentados e sem tempo para declarações e sacrifícios, porque meu bem, eu não tenho tempo de dizer que te amo, só tenho tempo pra te dar esse romance pálido e com rosas roubadas.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Veneno Doce

E o amor não correspondido pode ser como um veneno doce, a ser digerido em pequenas doses, servido no chá da tarde em xícaras de fina porcelana, em meio a um aspecto de falsa cumplicidade. Pode ser corrosivo e aterrador como um amor dado por conveniência, sem nenhum comprometimento da outra parte. Como amor dado de mão beijada, no qual sempre temos que verificar se ainda esta na validade.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Fantoche

Enquanto ela levava o cigarro amentolado até seus lábios pálidos, eu podia perceber o quanto ela estava cansada daquela vida de fantoche, cansada de ser mais um trapo em suas mãos.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

No fundo eu nem ligo

Você não ri mais das minhas piadas, muito menos corresponde aos meus beijos. Você nem mesmo divide os lençóis, mas no fundo eu nem ligo. Você volta tarde e nem da noticias, mas no fundo eu não ligo. A louça esta suja, o café esta frio, o jornal é de ontem. Mas no fundo eu nem ligo, pro seu silêncio ao tomar o café da manhã, pras noticias que passam na televisão sem som. Existem nos cantos dessa casa, nossas roupas intimas entrelaçadas no chão frio da sala de estar. A solidão entra pela janela, e no fundo eu nem ligo. E eu queria poder ser menos acomodado, queria poder gritar com você, queria poder quebrar toda a louça de porcelana, queria poder gritar na varanda para os nossos vizinhos curiosos ouvirem como eu estou sangrando por dentro, pra eles verem que por dentro daquela casa de luzes acesas e música alta, existe uma dor, uma dor que nem mesmo você vê.

domingo, 11 de maio de 2008

Enganos

E agora, cá estou eu, sentado nas escadas da sua casa, com as flores murchas caídas no chão, com a chuva molhando minha alma, cá estou eu bebendo desse vinho caro, que me parece não ter gosto nenhum. E aqui estou eu, sentado em meio à chuva, misturando meus gritos de dor com o barulho dessa cidade infernal, o álcool me parece mais amargo e com gosto de perda e angustia, cá estou eu, com uma misera esperança, sentado te esperando. Esperando que abra essa porta novamente e diga que era só uma brincadeira de mau gosto, que não acabou e que eu não estou sozinho novamente com esta maldita caixinha de anel de brilhantes na mão. Esperando que não seja mais um dos meus enganos.

Separação

Sentada no chão sujo do porão, em meio as teias de aranha, em meio a poeira velha, ela supera a maldita mania de limpeza. Para fugir dos gritos, dos tapas, das portas batendo. Tudo isso para fugir dos abusos, da dor, das lágrimas. Ela preferia fica ali com os cadáveres das lembranças boas, ao invés de presenciar a morte do nosso amor.