Juro que tentei deixar a luz do sol entrar pela minha janela empoeirada como tantas vezes você pediu, juro que tentei trocar minhas plantas artificiais por algumas vivas, liguei um pouco a televisão para tirar o silencio perturbador da casa. Troquei as comidas enlatadas por algumas frutas frescas, e finalmente fiz a barba que você tanto odiava e tentei ter algumas horas de sono para tirar aquela cara de ressaca, joguei fora meus cigarros, apesar de ter quase certeza de que no final da tarde eu vou lá buscar eles de volta, e a bebida que tem aqui em casa agora é apenas água, eu juro. Estou tentando retomar minha vida, andei ligando para alguns antigos amigos, prometi a minha mãe que a visitaria antes dela morrer, e até mesmo paguei algumas dividas de jogo. Andei falando com os meus vizinhos, andei um pouco pela rua para ver as pessoas, e cheguei a um quarteirão da sua casa, só que por não saber se era cedo demais, acabei tomando o caminho de volta
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Estou tentando
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sábado, 13 de dezembro de 2008
Seu nervosismo
te leva à procura de doses cada vez maiores de algo que nem você realmente sabe qual é o gosto
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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domingo, 23 de novembro de 2008
Pode ser que,
Não se assuste com o meu silêncio, e não tenha medo deles, eu estou aqui com você. Pode ser que às vezes eu pareça um pouco sombrio, pensativo. Pode ser que no lugar de beijos e bombons, eu te traga flores murchas. Pode ser que às vezes eu demonstre aquilo que você sempre quis de um cara. E as vezes posso não ser o certo, e nem conseguir chegar aos pés de um. Então, ao menos fique comigo enquanto eu não parecer ridículo. Aproveite as velas, o jantar, antes que ele pareça indigesto, antes que minha companhia não te faça bem. E antes que a noite acabe, e que a fumaça do meu cigarro te deixe tonta, prometo tentar fazer promessas falsas de um amor que nós dois sabemos que não vai durar tanto assim. Então cuidado, pois muitas vezes fiz malabarismos com os sentimentos dos outros, e talvez você tenha que prestar atenção nos meus movimentos para não se deixar enganar.
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008
pequeno trecho de uma história
(...) Sim, ela tinha esse pequeno defeito de sentir as coisas intensamente demais, ela tinha esse pequeno defeito de acreditar demais em mim. E agora mesmo que eu diga que era tudo uma grande mentira, ela apenas ri e me ignora. Hoje eu percebo que sem querer, achando que era mais esperto, me deixei perder dentro dessa bolha que ela criou em nossa volta, hoje percebo que estou perdido demais, pra achar o caminho de volta sem ela.
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sábado, 1 de novembro de 2008
Fuga
Você pode continuar a me ignorar. Você pode rir de mim, virar a cara e continuar a ver televisão. Sim, você pode continuar a ignorar a cama dividida ao meio, a louça separada, as noites que eu passo no sofá da sala, as madrugadas que eu chego tarde, as marcas de batom na minha camisa amassada, o perfume barato, a aliança esquecida no cinzeiro, as mensagens no celular, os telefonemas que só tocam de madrugada, pode continuar a ignorar os diferentes nomes que eu sussurro enquanto durmo. Pode ignorar meu sarcasmo, minha hostilidade com você. Sim você pode ignorar o fato de não ter mais beijo de despedida, nem desculpas para os atrasos nos almoços de família, as explicações para as marcas na camisa. Mas não pode ignorar as marcas no meu pulso, os comprimidos espalhados pelo banheiro. Se você pretende continuar a ignorar todas as minhas indiretas e pistas, eu pretendo sozinho sair desta casa, nem que seja pulando pela janela desse nosso apartamento cinza e sem graça, que um dia chegamos a chamar de paraíso.
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Natal
Sim, estamos em novembro, e já posso ver na sacada de alguns apartamentos luzes piscando. Verde, amarelo, azul, vermelho, laranja, rosa, verde, amarelo. A velocidade muda, as seqüências também, mas elas continuam alegres de um modo desconcertante. Não que eu não goste de natais, ao menos quando era criança eu adorava. Para falar verdade, adorava os presentes, embrulhos grandes, outros pequenos, outros ainda com o preço, outros sem embrulho, laços amarelos, mal feitos e desengonçados. Mas eu gostava ainda assim. Só que, estamos em novembro, e todos tem essa mania irritante de se reunir em família com antecedência. E começam a montar suas arvores, a pendurar luzes brilhantes, e todas as intrigas, e discussões de família desaparecem. Penso eu, que é tudo por causa dos presentes. E as crianças? Escrevendo cartinhas coloridas para um velho gordo, barbudo e que não tem o que fazer. Que só faz algo por elas uma vez ao ano. Por isso, que hoje. Natal. Eu não vou à igreja distribuir roupas usadas para os mendigos, não vou sair até a porta para ver o coral cantar, não vou abrir as janelas para ver a neve, nem vou colocar as luzes irritantes que todos adoram, muito menos montar uma arvore ridícula no meio da minha sala, não vou pendurar as meias, nem colocar minha cartinha em baixo de um sapato velho. Hoje não tem ceia, nem televisão ligada para ver a missa. Vou passar esse dia, como todos os outros. A mesa de jantar posta para um, os cigarros e o cinzeiro no lugar do peru e das frutas. Não é que eu seja solitário, só não gosto de toda essa idéia de amor uma vez ao ano.
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domingo, 19 de outubro de 2008
Fundamental
Não chegar perto é fundamental, melhor ficarmos no escuro, melhor a gente se sentar-se à mesa ao fundo, cinema só se for para ficar lá atrás. Silêncio é fundamental, nada de troca de olhares, nem o tocar das mãos, intimidade demais é perigoso demais. E entre um gole ou outro deste café amargo, eu posso finalmente te enxergar por de trás da fumaça do seu cigarro, e não é isso que eu quero. Acho que não é você que eu quero. Não é por precaução, mas prefiro ficar de longe, assim te observo melhor, e posso ver suas manias. Não estou assustada o tempo todo, é só que às vezes você me apavora.
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quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Champagne
Um gole, dois, três de champagne. Ela podia sentir seu cérebro dando a impressão de borbulhar. Enrolada nos lençóis da cama, ela ria, chorava, gritava e até cantava. Segurava o telefone por entre os dedos compridos, apertando-o contra o corpo, a vontade e o medo de ligar. O que falar o que não falar. Sabia que pra ela aquilo era proibido, era proibido ela sentir o que quer que fosse. Quatro, cinco goles de alguma substância que agora ela não sabia o nome, as pernas falhavam, e subia pela sua garganta uma sensação conhecida, medo. Talvez fosse angustia também, ou simplesmente um vazio.
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domingo, 27 de julho de 2008
Dialogo
Eu simplesmente não quero ter que conviver com a sua indecisão. Você diz que eu nunca soube o que eu queria, para onde eu queria ir, o que eu queria de você. Por acaso você já tentou descobrir o que você quer de você mesma? Algo além do de praxe, algo além desse apartamento no subúrbio, com seringas espalhadas, com esse cheiro de esgoto, você já tentou se perguntar o que esta fazendo aqui? No meio de todo esse lixo humano, no lugar de ter aceitado o amor que eu tentei de dar? Ele podia machucar, qualquer amor pode, mas em relação a sua vida, meu amor não causaria nem uma mínima fisgada no seu cérebro.
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quinta-feira, 10 de julho de 2008
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segunda-feira, 26 de maio de 2008
Amor barato
E eu preciso que você diga logo que me perdoa, e que não faça esses joguinhos baratos. Sem charme, quero que você diga a verdade nua e crua, mas que seja rápido, você só precisa aceitar as rosas que eu roubei do seu jardim, porque não tive tempo de comprar, e preciso que me deixe logo entrar na sua casa, porque a chuva está me deixando encharcado e eu ainda tenho uma reunião hoje. Vamos, me beije logo e me deixe dizer que de noite a gente se vê. Porque meu amor, romances hoje em dia são assim, requentados e sem tempo para declarações e sacrifícios, porque meu bem, eu não tenho tempo de dizer que te amo, só tenho tempo pra te dar esse romance pálido e com rosas roubadas.
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quinta-feira, 22 de maio de 2008
Veneno Doce
E o amor não correspondido pode ser como um veneno doce, a ser digerido em pequenas doses, servido no chá da tarde em xícaras de fina porcelana, em meio a um aspecto de falsa cumplicidade. Pode ser corrosivo e aterrador como um amor dado por conveniência, sem nenhum comprometimento da outra parte. Como amor dado de mão beijada, no qual sempre temos que verificar se ainda esta na validade.
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terça-feira, 13 de maio de 2008
Fantoche
Enquanto ela levava o cigarro amentolado até seus lábios pálidos, eu podia perceber o quanto ela estava cansada daquela vida de fantoche, cansada de ser mais um trapo em suas mãos.
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segunda-feira, 12 de maio de 2008
No fundo eu nem ligo
Você não ri mais das minhas piadas, muito menos corresponde aos meus beijos. Você nem mesmo divide os lençóis, mas no fundo eu nem ligo. Você volta tarde e nem da noticias, mas no fundo eu não ligo. A louça esta suja, o café esta frio, o jornal é de ontem. Mas no fundo eu nem ligo, pro seu silêncio ao tomar o café da manhã, pras noticias que passam na televisão sem som. Existem nos cantos dessa casa, nossas roupas intimas entrelaçadas no chão frio da sala de estar. A solidão entra pela janela, e no fundo eu nem ligo. E eu queria poder ser menos acomodado, queria poder gritar com você, queria poder quebrar toda a louça de porcelana, queria poder gritar na varanda para os nossos vizinhos curiosos ouvirem como eu estou sangrando por dentro, pra eles verem que por dentro daquela casa de luzes acesas e música alta, existe uma dor, uma dor que nem mesmo você vê.
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domingo, 11 de maio de 2008
Enganos
E agora, cá estou eu, sentado nas escadas da sua casa, com as flores murchas caídas no chão, com a chuva molhando minha alma, cá estou eu bebendo desse vinho caro, que me parece não ter gosto nenhum. E aqui estou eu, sentado em meio à chuva, misturando meus gritos de dor com o barulho dessa cidade infernal, o álcool me parece mais amargo e com gosto de perda e angustia, cá estou eu, com uma misera esperança, sentado te esperando. Esperando que abra essa porta novamente e diga que era só uma brincadeira de mau gosto, que não acabou e que eu não estou sozinho novamente com esta maldita caixinha de anel de brilhantes na mão. Esperando que não seja mais um dos meus enganos.
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Separação
Sentada no chão sujo do porão, em meio as teias de aranha, em meio a poeira velha, ela supera a maldita mania de limpeza. Para fugir dos gritos, dos tapas, das portas batendo. Tudo isso para fugir dos abusos, da dor, das lágrimas. Ela preferia fica ali com os cadáveres das lembranças boas, ao invés de presenciar a morte do nosso amor.
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